sexta-feira, 29 de abril de 2011

Trilha sonora

Se vida tivesse trilha sonora a nossa, no momento, seria: "mas eu me mordo de ciúme, mas eu me mordo de ciúme...". E o ciúme aqui é o da Sophia em relação à Helena.

Achei de verdade que se o ciúme fosse "domado" nos dois primeiros meses as coisas melhorariam, mas fato é que, após um início muito maravilhoso, as coisas estão meio complicadas. Tem dias que vai tudo bem, eu até penso: passou! Sophia voltou a ser a minha princesinha de sempre. Só que logo a coisa fica esquisita de novo e eu me sinto culpada por não estar podendo dar todo a atenção que ela necessita.

Um exemplo foi na terça-feira. Estávamos na academia, onde Sophia faz sua ginástica. Aliás, nem sei se cheguei a comentar que agora ela faz toda a aula certinho e ela realmente se destaca entre as crianças. Ela é super coordenada nos movimentos, tem muito equilíbrio e desenvoltura, é corajosa e determinada. Uma graça mesmo de ver! Nem achei que fosse ser assim, afinal o começo foi bem complicadinho (quem não se lembra pode ler aqui). Mas voltando ao assunto. Estávamos na academia, e tudo ia bem, até que a Helena começou a sofrer com cólicas... Resultado, tive que pegá-la no colo, para tentar acalmar e, assim, parei de ficar admirando minha filha "atleta" para dar atenção para as cólicas da mais nova. Pronto. Foi o que bastou para ela parar de fazer a aula e emburrar num canto.
E eu, do lado de fora, com a Helena berrando, aquele monte de mãe me olhando com uma cara de: "você é a pior mãe do mundo, não consegue acalmar sua filha e eu nunca passei por isso (pôxa, mamães, um pouco de solidariedade nestas horas vai bem, sabiam??)" e sem saber se largava uma pra consolar a outra ou não. De repente, para complicar, a Sophia ainda me derruba um negócio no pé! Pronto, agora eram duas filhas chorando e a academia toda olhando para ver como eu iria me virar agora. Fiquei nervosa, coloquei a Helena na bebê conforto para acudir a Sophia. Uma parou de chorar, a outra não. Falo para a Sophia se vestir para irmos embora e ela recomeça a chorar pois quem não fica até o final da aula não ganha o carimbo da professora no bracinho e eu querendo sumir ou no mínimo desaparecer ou me tele-transportar, o que quer que fosse mais rápido.
Mas fiquei.

E se a coisa tivesse parado por aí eu até terminaria este post com um tom mais otimista. Afinal, ontem, quando uma amiga esteve aqui, estávamos conversando e ela estava me dizendo que eu não posso me esquecer que birra é coisa normal nesta idade da Sophia (3 anos) e que ela achou que ela até que estava se comportando muito bem. Só que o problema maior é na hora de ir dormir. Aí ela faz o show dela. Neste horário qualquer coisinha é motivo para choro, para jogar as coisas no chão, para gritar conosco e acho que ela só não fala que nos odeia por não conhecer esta palavra ainda.
E ontem ela picotou isopor pelo quarto, arrancou o seu calendário da parede, quebrou uma cegonha de madeira que uma amiga fez quando a Helena nasceu e, e, e,... a lista é imensa.

A única ideia brilhante que tive ontem, depois de conversar com minha mãe, foi que agora vou adotar a política de tolerância zero noturna. Se fizer birra vou sair do quarto e ficar voltando lá até ela me pedir desculpas e se comportar civilizadamente. No momento a estratégia era tentar ou compensar com carinho (mas ela rejeita qualquer abraço nestas horas) ou tentar distrai-la com outra coisa (deu certo no início, mas agora não tem dado mais).

Ai, ai, alguém tem dicas infalíveis de como lidar com esta minha adolescentinha enfezada?

terça-feira, 26 de abril de 2011

Desfralde noturno

Quase que ia esquecendo de comentar algo importante que aconteceu estes dias: a Sophia está completamente desfraldada!
No verão do ano passado, quando ela estava com dois anos e meio, nós fizemos o desfralde diurno e foi beeeem mais tranquilo do que eu estava imaginando. Penso que esperamos realmente o tempo certo e fora o laptop usado indevidamente como penico (pra quem não conhece a história só digo isso: quem estava cuidando da Sophia nesta hora era o papai dela...) não tivemos nenhuma situação muito complicada, como xixi no carro, no sofá de estranhos, no consultório médico ou  algo assim. Teve uma ou duas vezes algum pequeno escape em alguma loja (o que foi prático, pois aí foi só comprar roupa nova e pronto) e uma vez na casa da vovó e/ou da titia (acho que ela estava estranhando o lugar, já que só vamos pra lá uma vez por ano, porém detalhes maiores eu não me lembro já que estava com minha memória comprometida pela gravidez, hehehehe).

Mas enfim, dois ou três meses depois queriamos fazer o desfralde noturno, mas como eu estava grávida achamos que deveriamos esperar o neném nascer primeiro, para tentar. É que eu tinha lido muitas vezes que os irmãos mais velhos voltam a fazer xixi na cama quando o irmãozinho nasce. E não queria que a Sophia precisasse voltar para as fraldas depois de já termos tirado. Então esperamos. Claro que com o passar dos meses ela já estava seca. Não fazia mais xixi, mas continuávamos usando apenas por precaução. Aí a Helena nasceu e ficamos observando se haveria alguma mudança. Como se passaram 9 semanas desde o nascimento e não houve mudança nenhuma, as fraldas continuavam amanhecendo sequinhas, resolvemos que tinha chegado a hora. Há uma semana que a nossa mocinha não usa mais fraldas para dormir!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Indo e voltado

Em primeiro lugar: Feliz Páscoa!!!

Como na Alemanha temos dois dias de Páscoa, nem estou desejando votos atrasados hehehehe. Mas só estou postando hoje, na verdade, pois estávamos viajando no feriado. Fomos na quarta-feira para a casa dos meus sogros e só voltamos ontem. E a viagem foi melhor do que eu esperava! Já estava prevendo algo bem trágico, pois a Helena não gosta de andar de carro como a Sophia gostava, mas até que correu tudo mais ou menos bem...

A ida foi um pouco complicada. Saímos daqui às 3 horas da tarde, depois de uma longa mamada da Helena. Como ela tinha dormido pouco pela manhã achei que ela fosse dormir umas 2 ou 3 horas seguidas. Mas... apenas 80 kms depois de termos saído de casa a mocinha já acordou. Chorando. Muito! Então decidimos fazer a nossa primeira parada bem mais cedo do que o planejado, mas fazer o quê, né? Paramos.
A Helena mamou, a Sophia brincou um pouquinho no estacionamento e continuamos. Demorou um pouquinho e a Helena adormeceu. Como a Sophia tinha dormido os primeiros 80 kms ela agora estava com a corda toda. Cantou, cantou, cantou, acordou a Helena, mas ela conseguiu dormir novamente, totalizando umas 2 horas. Aí acordou de novo, mas não tão desesperada. Para evitar que a coisa desandasse de vez paramos novamente. Desta vez para uma parada mais longa. A Sophia adorou pois tinha um parquinho bonitinho pra ela brincar e a Helena também pois pode mamar bastante :-) Ficamos uns 40 minutos e continuamos viagem.
O objetivo era que a Helena dormisse até chegar na casa dos avós, mas, faltando uns 40 kms para chegarmos a ferinha acordou. Irritadíssima! E bem num trecho em que não dava para parar direito: além de não ter nenhum posto por perto, a estrada estava em reformas, então para compensar a pista que estava fechada o acostamento estava liberado para o trânsito normal.. Ou seja, o worst case scenario. Para piorar um pouquinho a Sophia também já estava irritada e também queria se fazer ouvir. Ou seja, ela gritava cantava ainda mais alto, ficava me chamando o tempo todo para me mostrar qualquer cosia... Aí fui para o banco de trás (tirar criança da cadeirinha é terminantemente proibido, então tinha que entretê-la assim mesmo) e ela até parou de chorar por uns segundinhos, quando me viu. Deu até uns sorrisinhos fofos!
Mas aí  ela cansou. Recomeçou a chorar beeeeem nervosa. Eu tentei dar chupeta mas como sempre ela não pegou.. Aí improvisei com a única coisa que ela já tinha aceitado até então: mamadeira. Claro que eu não tinha leite materno ali à mão para lhe dar. E não iria dar água sem ser a de neném. Então coloquei uma fralda dentro do bico da mamadeira e dei para ela chupar. Logo que ela começou a sugar ela até se acalmou (deve ter pensado que logo viria o leitinho dela ), mas conforme ia sugando e não vinha nada ela começou a se irritar... E ficou sugando a mamadeira de um jeito super nervoso, até voltar a chorar inconsolável... Nisso tinhamos a Helena chorando, a Sophia berrando, o rádio tocando o cd de barulhos do mar em alto e bom som (costuma acalmar a ferinha, mas lógico que não neste momento) eu fazendo sh-sh-sh-sh-sh e o Felix dirigindo... Aí, para tumultuar um pouquinho, o Felix perdeu a saída certa e tivemos que andar 10 kms a mais... Aff...
Foram 40 kms horríveis, mas para quem andou 450km não dá para reclamar, né? Sobrevivemos.

A estadia lá foi boa. A Helena não estranhou muito o novo ambiente e a Sophia adorou brincar com os avós e com o priminho que também foi passar estes dias na casa deles.

Todos os dias de manhã vinha a mesma pergunta: hoje é Páscoa? E quando finalmente o dia chegou que alegria!! Ela foi procurar os ovinhos no jardim e desta vez, ao contrário do ano passado, ela realmente encontrou um monte deles! Foi muito fofo ver como ela ficou contente simplesmente por encontrar os chocolatinhos (comer mesmo ela não comeu nenhum! Ficou só com as balinhas..). Tanto é que ela dividia tudo com o primo! Se encontrava dois, um era sempre pra ele. Uma graça.

Depois do almoço já voltamos pra casa. E desta vez deu tudo muuuuuito certo! Claro que pensamos que iria ser tudo horrível de novo. Afinal, apenas meia hora depois de termos saído a Helena acordou... Mas depois de alguns sh-sh-sh-sh, ela adormeceu novamente! E dormiu, dormiu, dormiu... Os kms iam passando, eu morrendo de vontade de ir ao banheiro, mas não paramos, pois ela ainda estava dormindo. Uma hora depois, eu quase fazendo xixi nas calças, ela finalmente acordou: andamos mais de 300 kms seguidos!! Aí paramos, de novo num local com parquinho pra Sophia poder brincar bastante e ficamos uma hora no posto. E quando entramos no carro.... Helena dormiu de novo! E dormiu praticamente até chegarmos em casa!
A Sophia veio cantando novamente o caminho todo, umas músicas super interessantes que ela mesmo ia inventando. Algo do tipo: a bicicleta tá em cima do carro, o caminhão buzinou, a árvore caiu e a agulha da injeção era a pena de um pavão, lá, lá, lá... Aplausos! E nós, clap, clap, clap!
Só sei que demos boas risadas e chegamos felizes da vida de termos duas filhas tão fofas!

E nada como imaginar o pior e ter uma viagem tão boa não é mesmo? Estamos até pensando em nos atrever a fazer uma viagem de carro no verão...

terça-feira, 19 de abril de 2011

Fotos!

Fazia tempo que não postava umas fotos das meninas, então este é o objetivo do post de hoje :-)

Primeiramente queria mostrar como minha princesinha mais velha a-do-ra sushi! Acho isso tão incrível! Afinal tem muito adulto que tem medo das algas ou do peixe cru mesmo... Já a Sophia acha muito legal. Ainda mais se ela puder molhar tudo várias vezes no shoyu. Ela adora este molhinho de soja (e eu achei que ela fosse odiar, afinal um molho de cara preta é no mínimo esquisito, concordam?) e se eu deixasse acho que ela colocaria no copo e beberia como guaraná.




Também queria mostrar minhas queridinhas no dia do meu aniversário :-) Tem presente melhor pra uma mãe do que ter estes dois docinhos ao seu lado?



Eu tinha também comentado da Sophia pendurando ovos de Páscoa no jardim, mas só tinha mostrado uma foto ilustrativa. Aqui vai a foto real.



A Sophia continua amando ler para a Helena. Aqui vai mais uma foto das duas em ação.



E finalmente uns dos primeiros sorrisos da Helena que consegui fotografar! Ela é tão sorridente, mas raramente estou com a máquina a postos ultimamente. Tenho que me empenhar mais!

domingo, 17 de abril de 2011

Passeios no carrinho e perguntas filosóficas

Helena fez dois meses na sexta-feira. E como apenas uns dias a mais já fazem tanta diferença para um bebê! Ela agora gosta de olhar t-u-d-o! Fica observando principalmente quadros, mas também gosta muito de flores. Até agora era ela entrar no carrinho que adormecia, mas agora não. Fica olhando o próprio carrinho, as árvores e quando ouve algum barulho fica olhando para ver de onde é que o som está vindo...
Hoje fomos visitar um amigo aqui perto, papai e mamãe andando, Helena no carrinho e Sophia de bicicleta. Normalmente Helena teria dormido o tempo todo, mas hoje não. Na ida ela dormiu um pouquinho mas logo acordou para ver o mundo. Na volta ela estava quase adormecendo quando estávamos pra entrar em casa, mas só quase. Então papai e Sophia entraram em casa e eu continuei o passeio com a Helena para ela adormecer. Mas, só sei que andei, andei, andei e nada.
Bem nada é mentira. Mas depois de uns 15 minutos, ela fechou os olhos. Comecei a andar em direção à casa, passei embaixo de umas árvores e uns passarinhos estavam cantando. Pronto, os olhinhos já abriram! Daí continuei passeando, depois de mais uns 15 minutos, uma gralha grasna e pronto. Os olhos abriram de novo... Fui para uma rua mais movimentada, com mais barulhos de carros em vez de pássaros, ela adormeceu de novo, mas de repente passa uma ambulância....
Ou seja, acabei desistindo. Foi quase uma hora de tentativas e ela não adormeceu. E ainda chegou em casa toda animada, sorrindo muito! Uma graça mesmo de ver.
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Hoje de manhã saí com a Sophia para levá-la à missa. Hoje foi domingo de ramos e as crianças da escolinha da Sophia enfeitaram uns ramos com fitas coloridas e se encontraram na frente da igreja para irem juntas à missa.
Entramos todos juntos na igreja, o bispo fez a benção dos ramos e depois as crianças foram para o salão da igreja para verem uma encenação da paixão de Cristo.
Os atores eram os professores e diretores da sua escolinha. E interessante foi ver como a Sophia entra na história a fundo! Eu disse pra ela: olha lá Sophia, o Sebastian (um dos professores), ao que ela responde: Não é o Sebastian, mamãe, é Jesus.

 No final da peça, quando o Sebastian tirou a roupa de Jesus e voltou a ser Sebastian ela me pergutna: porque o Sebastian não é mais Jesus?  E eu explico que ele estava só representando, que não era o Jesus de verdade e logo vem a pergunta fatídica: E onde está o Jesus de verdade? E eu digo: ele está no céu com Deus. Ela não concorda: não foi isso que o Sebastian falou, ele disse que Jesus está em toda a parte. Eu: é verdade, ele está sempre cuidando da gente. Ela: E porque a gente não cuida de Jesus também?? Eu pergunto: como assim Sophia, porque a gente tem que cuidar de Jesus? Ela: ué porque a gente não cuidou e ele morreu.
Eu mudo de assunto.
Ai, como é difícil explicar questões teológicas!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Meu melhor amigo

A postagem de hoje foi escrita por uma convidada especial :-)
Mais detalhes ao final do post!

 Fonte da foto: http://www.flickr.com/photos/horiavarlan/4269330155/sizes/z/in/photostream/

Ontem minha mãe convidou uns amigos da minha irmã para virem aqui brincar com ela. Detesto estas tardes. As crianças brincam, correm, pulam, gritam, ficam se amontoando à minha volta, apertam minhas bochechas, fazem uns carinhos doloridos, me dão beijos com as bocas todas sujas de pipoca, sorvete, pão e o que mais eles estiverem comendo e ficam tentando pegar meus pés e minhas mãozinhas. Fico super estressada nestes dias. Às vezes choro, aí minha mãe vem e me pega. Mas na maior parte do tempo fico deitadinha no meu cantinho do sofá, já que minha mãe tem que ficar cuidando das visitas da minha irmã.


As coisas já começam a ficar ruins logo de manhã. Ela, minha mãe, me deixa de novo no tal do sofá para preparar bolo, cortar frutas e alguns legumes, arrumar a casa (nem sei pra quê, eles bagunçam tudo) e para por a mesa. Depois é hora de buscar minha irmã na escolinha e vir pra casa esperar a campainha tocar. E eles ainda têm a mania de tocar mil vezes a campainha, parece que querem me acordar!


Só sei que no final destes dias estou exausta. Quero dormir, mas não consigo. Aí eu choro, choro, choro porque estou cansada. Mas aí, finalmente, meu melhor amigo chega! 


Eu adoro ficar olhando pra ele, acompanhando todos os seus movimentos. Fico escutando sua voz, cantando uma música pra mim. Fico tentando prestar atenção na letra, mas a melodia é tão linda que nem consigo. Aí, finalmente, começo a relaxar. Fico quietinha, ainda olhando pro meu amigo, mas o meu olhar já não está tão concentrado. Aos poucos vou pensando em outras coisas, começa a me dar um sono... E assim, adormeço. Mas não sem antes de pensar: que bom que você existe, meu amigo, secador de cabelo :-)

Autora: Helena, 2 meses

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sobrevivi

Finalmente a semana do marido em viagem de trabalho chegou ao fim. Eu estava igualmente no fim das minhas forças.
Confesso que não foi tudo tão ruim assim. Nestes 9 dias a Sophia não acordou nenhuma vez durante a noite, chamando por nós (ou por mim, no caso). E comeu muito bem. Só que deu trabalho para adormecer. Muito trabalho. Muito trabalho MESMO.
Pra falar a verdade, não achava que nestas alturas do campeonato (a Helena completa hoje 8 semanas de vida) ela fosse sentir um ciúme assim tão desenfreado. No entanto, a atenção que a minha princesa mais velha estava recebendo em doses reforçadas do papai acabou fazendo muita falta... E com isso vieram os ataques de birra. Adormecer virou o pior momento do dia pra mim. Por um lado tinha que deixar a Helena aos cuidados de outras pessoas durante mais ou menos 2 horas (obrigada Nai, Rosana, Sarah!). E como é duro ouvir um neném chorar e não ir correndo no mesmo instante para acudir... Só que como fazer isso enquanto a filha mais velha desmonta o seu quarto? E desmonta ainda mais se nota que a mãe sai correndo para acudir a mais nova, deixando-a em segundo plano? Pois é.

E Sophia usou de todas suas pequenas (mais super eficientes) armas para chamar minha atenção. Ela jogava os brinquedos pra longe ou escada abaixo, se eu não estivesse no quarto; ficava o tempo todo levantando, se recusando a deitar nem por um segundo; não queria saber de carinho; não queria que eu lesse ou cantasse pra ela (acho que tinha medo que iria pegar no sono assim); tirava a roupa de cama e sua própria também; usava todos os xingamentos que conhecia (você é cocô, você é xixi, não vou te convidar pro meu aniversário, voce não é mais minha amiga, nunca mais); tentava bater em mim ou ameaçava fazê-lo, gritava como uma desesperada e eu ficando cada vez mais nervosa por não conseguir acalmá-la e por não conseguir acalmá-la rápido para poder pegar a Helena.

Por sorte foram apenas 2 estas noites tão horrorosas. Mas enquanto estava passando por elas, achei que minha vida nunca mais seria a mesma e que estava fadada a lidar com uma precoce adolescente de 3 anos a partir de então.

A melhor coisa para acalmar estes debates de fúria, no caso dela, é "distrair a fera". E isso funciona principalmente quando faço ou falo algo totalmente inesperado. Depois de tentar na noite 1 toda sorte de truques usuais para distrair a mocinha (do tipo: vamos ler a história da Chapeuzinho Vermelho - que é um dos livros preferidos - ou vamos brincar de mamãe e filhinha) e ter constatado que não estava funcionando, tentei o velho truque do castigo. Este sempre dá certo com ela. Eu digo: vou sair do quarto e quando você se acalmar a gente conversa. Geralmente 15 segundos depois ela já está pronta para pedir desculpas pelo barraco, a gente se abraça e fica tudo bem. Mas no dia 1 isto também não deu certo. Ela só se acalmou depois que inventei que tinha ouvido o coelhinho da Páscoa e que achava que tinha visto um ovo pendurado na janela da cozinha (pois é, mãe tem visão além do alcance, hehehehe). Desci até a cozinha peguei um kinder ovo, ela só quis dar uma mordida, pegou o brinquedo (e olha que sorte, era um coelho!) e daí fomos ler um livro e dormir.

Na noite 2, além de todos os truques acima (que não funcionaram de novo, nem o do coelho) eu apelei para uma outra ideia. Quando ela falou que eu era um cocô eu falei: boa ideia! Eu sou a mamãe cocô e você é a filha cocô e vou te contar uma história do cocô. E inventei a história mais sem pé nem cabeça jamais inventada. E ela ouviu tudo super interessada, super calma e quando acabou pediu a história do xixi também. Contei, claro. E depois ela dormiu tranquilamente....

No dia seguinte, estava contando toda esta odisseia para minha mãe, no telefone, quando ela me disse: será que você não tem que ser mais firme com ela? E eu fiquei pensando nisso... Pensei, pensei e fiquei relembrando o que minha mãe falava pra nós, quando nós éramos pequenas. Não me lembro de ter chamado minha mãe de cocô e acho que se tivesse chamado teria levado umas boas chineladas, mas me lembro da famosa frase:
"Não quero ouvir nem mais um pio."
Esta frase eu e minha irmã ouvimos váááááárias vezes. Mas me lembro também que o que mais gostávamos de fazer, após ouvir a famosa frase, era piar feito malucas. Era minha mãe sair do quarto para começarmos: piu, piu, piu... Então, na terceira noite, desferi a frase: Não quero ouvir nem mais uma palavra. Ela tentava falar alguma coisa e eu repetia: Não quero ouvir nem mais uma palavra.
E não é que deu certo? Ela parou com as manhas e ficou boazinha. Até me disse: "agora eu estou boazinha, né mamãe? Vamos ler uma história? Eu sou a neném gatinha e você a mamãe gata". E este mesmo truque funcionou nas noites seguintes e até no carro.

E foi assim que sobrevivi 9 dias e 8 noites sozinha em casa, com uma adolescente de 3 anos e uma neném de 1 mês e meio.
E sobre esta semana: nem mais um pio :-)

Mas quem tiver mais dicas de como lidar com birras é só falar! É sempre bom ter um estoque de estratégias nas mangas!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Maternidade Real


A Carol Passuelo convidou em seu blog para que as mães blogueiras falassem sobre a experiência única de ser mãe, e como a realidade é diferente da teoria. Quando li este convite não pude deixar de começar a pensar no que significava pra mim a maternidade real. E o textinho abaixo é uma tentativa de por em palavras os pensamentos que surgiram na minha cabeça :-)

Ser mãe começa muito antes de um bebê nascer. Ser mãe começa com ser filha.
Pois ser filha significa observar todos os passos de sua mãe. Cada gesto, cada sorriso, cada bronca, cada decisão - tudo isto contribui enormemente para construir a nossa visão do que é ser mãe e, de quebra, o que é ser uma boa mãe. Afinal, uma boa mãe é o que todas queremos ser, a melhor mãe do mundo, a melhor mãe que podemos ser.

E ah! Como isto é difícil. Pois ser mãe significa também termos que equilibrar o ideal com o praticável. O sonho com a realidade. Significa entrar em acordo com o pai da criança, com a família, com a escolinha, com a própria criança e com o mundo em que vivemos, tudo isto para educarmos os nossos filhos da melhor maneira possível.

E este é o maior desafio. Afinal de contas o que é o melhor para uma mãe, é apenas razoável para uma outra. Parece que cada mãe tem algum assunto relacionado à educação do seu filho, que considera primordial.

Vejo minha irmã que se informa sobre cada ingrediente de qualquer alimento que entra na boca do seu filho, pois alimentação pra ela é assunto sério; vejo uma grande amiga que leva sua filha semanalmente ao médico, pois ela pesquisa sempre todos os sintomas que sua filha apresenta e teme que possa ser algo mais grave; vejo outra amiga/irmã que estimula o lado criativo e artístico de sua filha; vejo minha cunhada que considera disciplina uma qualidade fundamental para seu filho; vejo a mim mesma fazendo questão que minhas filhas falem perfeitamente o português e não somente alemão e, acima de tudo, vejo todas nós tentando equilibrar na balança todos estes ideais.

Só que a educação ideal insiste em fugir de mim...
Preferia que minha filha mais velha não assistisse televisão. Preferia que ela sempre almoçasse, jantasse, lanchasse tudo aquilo que eu coloco em seu prato sem reclamar. Gostaria que ela bebesse mais água (ela não gosta de líquidos, aparentemente... só toma bem o leite no café da manhã, mas nem adianta oferecer leite durante o resto do dia!). Ficaria feliz da vida se ela gostasse de escovar os dentes e de lavar o cabelo com o mesmo entusiasmo com que ela brinca com suas bonecas. Seria maravilhoso se ela não sentisse uma pitadinha de ciúmes da irmã.
Também adoraria que a Helena, mesmo com suas apenas 7 semanas de vida, dormisse a noite toda. Ou que pegasse a chupeta. Ou que não fizesse um monte de cocô justamente quando a fralda já está meio cheia de xixi, vazando assim cocô pelas costas acima. Ou que ela amasse ficar no colo do pai enquanto eu tomo banho sossegada.

Mas fato é que Sophia assiste sim seus desenhos à noite, enquanto eu preparo a janta e assim não fico com uma filha emburrada do meu lado que depois se recusa terminantemente a comer. Ela já dormiu sem escovar os dentes. O cabelo dela eu só lavo quando EU estou de bom humor, para encar numa boa os protestos. Já a Helena dorme ao meu lado na cama compartilhada para que durma o máximo possível e, à noite, se não fez cocô, nem troco a fralda para não acordá-la. 

Ou seja, decidi que não seria xiita.
Eu cresci assistindo Xuxa, Balão Mágico, Angélica e outras figuras do gênero, mas ainda assim me tornei uma pessoa legal (juro!), então acho que não preciso exagerar a dose e não deixar a minha filha assistir tv em momento algum (como é meio que "ditado" pela sociedade alemã).
Procuro oferecer a melhor alimentação possível aqui em casa. Compro frutas e legumes orgânicos na feira e cozinho com frequência, pois não gosto muito de comida pronta, mas não deixo de comprar sacos de legumes congelados para me facilitar a vida (dizem que legumes congelados são até mais frescos que os outros...). Evito dar açúcar para minha filha, mas não acho que ele seja um veneno.
Tento seguir radicalmente a regra de um pai/uma língua, para que o bilinguismo seja uma coisa natural, mas de vez em quando não tem jeito e saem algumas palavrinhas em alemão.
Me esforço para não ceder às birras da minha filha, mas neste exato momento ela está lá dormindo na minha cama, pois não quis dormir na sua e assim eu vou vivendo.

Não esqueço nunca dos meus objetivos, mas tento equilibrá-los com o bom senso e a comodidade (sim, a comodidade, afinal ninguém tem tempo sobrando por aí). Tudo isto temperado com a prioridade que parece ter sido a estrela-guia da educação que recebi da minha mãe - e que também é parte importantíssima da educação que dou para minhas duas filhas: fazer com que elas tenham a certeza absoluta de que ELAS e a felicidade DELAS são a prioridade na minha vida.
E este é o único ideal que eu faço questão que seja também realidade.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

I'll survive

Consegui: sobrevivi ao meu primeiro dia inteirinho sem ajuda com as meninas. Quer dizer, quase.
À noite, tive sim uma ajudazinha. Mas com o maridão viajando, as coisas aqui em casa ficaram bem mais complicadas. E confesso que passei a semana toda temendo pelo que viria pela frente. Principalmente a hora de dormir, pois é bem a hora que a Sophia finalmente quer ter um momento só dela, sem ter que esperar que a irmã mame, arrote, durma, troque a fralda, etc., e é o momento que a Helena costuma estar beeeeem inquieta.

Assim, ontem, domingo, fizemos pouca coisa e tudo em ritmo lento.
Sophia acordou e fomos juntas tomar café. Ela acordou bem feliz e disposta, veio pra minha cama, mas, para não acordar a Helena, já descemos pra brincar na sala, enquanto eu fazia o café. Ela comeu bonitinho seu pão, tomou o leite, comeu uma fruta e depois fomos trocar de roupa. Quando tinhamos acabado de nos vestir a Helena acorda, toma café também :-) e faz aquela cagada, sujeira que exige que troque a roupa toda. Como tinhamos planos de ir ao zoológico, resolvi não dar banho naquele momento, pois assim perderiamos mais umas 3 horas.
Mas nisso a Sophia cansou de esperar, queria brincar com um quebra-cabeça novo que ganhara e se recusou a escovar os dentes para sairmos. Enquanto discutiamos os porquês de ter que escovar os dentes, pentear os cabelos, prender a franja para não cair na testa e por casaco, a Helena dormiu profundamente, no sofá. Quando fui colocá-la na cadeirinha do carro, lógico que acordou berrando de fome. Daí, foi mamar de novo, cagar, sujar as fraldas de novo, trocar a roupa toda de novo, aproveitei para pôr a roupa para lavar e ufa, depois de apenas 4 horas, conseguimos sair de casa e ir para o zoológico!!!

Chegando lá foi tudo bem legal. Tivemos sorte e ganhamos uma sacolada de frutas e legumes para alimentar os elefantes (a Sophia adora dar comida, ainda que não tenha a coragem de ser ela mesma a dar, ela sempre segura na manga do meu casaco enquanto estendo uma cenoura em direção aos paquidermes) e tinha parado de chover exatamente no tempo em que estivemos por lá.
Fizemos piquenique em frente aos macacos, ela brincou no parquinho do zoo, Helena mamou entre uma jaula e outra e voltamos bem pra casa.


Em casa ainda conseguimos passar o fim da tarde brincando, sem apelar para a televisão, demos juntas banho na Helena, jantamos e já chegou a Nai para me ajudar com a princesinha. Ela ficou passeando pela casa (Helena gosta muito de flores e quadros, acho que temos que começar a frequentar museus hehehehe) enquanto eu dava banho na Sophia. Depois ainda pude ler pra ela e cantar tranquilamente até que adormecesse enquanto a irmã mais nova esperava pacientemente. Que maravilha! Fui dormir feliz, com a sensação de dever cumprido! Agora é torcer para que a semana toda seja assim e que o meu babá oficial volte logo :-)