sábado, 31 de março de 2012

E não vai rolar a festa....

Esta semana fiz aniversário. Passei um dia lindo com meus três amores, passeando e comendo ;-)
Teve café da manhã na padaria portuguesa, almoço num sushi bar e jantar numa churrascaria. Teve flores, teve um desenho lindo da minha princesa, recebi muitos telefonemas, e-mails e mensagens no facebook. Também ganhei presentes e até lembrancinhas inesperadas (como da mãe de uma amiguinha da escolinha da Sophia!).
E pra semana ser fechada com chave de ouro queriamos ir a um barzinho hoje à noite, com alguns amigos. A babá estava avisada, os amigos tinham confirmado a presença e só faltava uma coisa: a Helena se reacostumar com a mamadeira.

A Helena já está com 13 meses e mama no peito. Não tanto por opção minha, eu confesso. Amamentei a Sophia por um ano e queria fazer igual pela Helena, mas agora já estava querendo parar. A Helena só mama à noite, mas mama muuuuuuito e adora mamar. Como diria uma amiga, alguns bebês mamam por obrigação - pela alimentação, mas a Helena mama por convicção :-)
Fato é que não planejei uma amamentação "prolongada", por dois anos ou mais, ainda que saiba que esta é a recomendação oficial do Ministério da Saúde, da OMS, etc.. Acredito de verdade que amamentação é algo essencial (realmente não consigo entender muito bem alguém que escolhe não amamentar), mas também bem pessoal, cada mãe escolhe o que é melhor pro seu filho e pra si própria.

Mas o que acontece quando a mãe quer parar de amamentar e o neném não? Taí um dilema que não consegui resolver. Pensei que fosse conseguir introduzir o leite de vaca aos poucos na alimentação da minha filha, já que ela completou um ano e vi que não tem nenhuma intolerância, mas ela parece não gostar do sabor do leite. E também parece não gostar do sabor do bico da mamadeira. Ela nem experimenta para ver o que tem dentro, sabe? Simplesmente recusa. Aí ela chora, chora, chora
(E nada me diz
E neste momento
(Não) me sinto feliz
Ao vê-la chorando
De tanto amor....)

Já tentamos leite de vaca, leite materno, fórmula, leite com banana, leite com nescau, chá, suco... a lista é longa, mas nada funcionou. Ela toma líquidos no copinho, desde os 7 meses. Ela não precisaria necessariamente tomar mamadeira, só que Helena sempre acorda em algum momento entre 22:00 e 0:00 e só se acalma mamando. Mas como acalmar uma criança com um copinho? Pedindo pra ela sentar na cama? Não tem como. A solução seria a mamadeira que ela não quer pegar.

Depois de mais de uma semana de "treino" para a noite de hoje, desistimos. Cancelamos o barzinho, cancelamos a babá e vamos ficar em casa. Afinal não tenho as respostas que preciso: como desmamar uma menina que não toma outro tipo de leite? E como desmamar quando a minha princesa se recusa terminantemente a ser desmamada?

O jeito é comprar um vinho (e uma cerveja sem álcool pra mim, pois vinho sem álcool é um horror!), chamar os amigos pra virem pra cá e aproveitar a neve (porque voltastes???) que está caíndo lá fora...

quarta-feira, 28 de março de 2012

Bilinguismo na Alemanha

A primeira vez que falei em uma língua estrangeira foi durante uma viagem à Itália, quando eu tinha 12 anos. Estávamos meus pais, meus irmãos e eu em Veneza, andando à beira dos canais, quando uma turista chega perto de mim e me perguntou onde ficava a Praça de São Marcos. Para minha surpresa, eu entendi o que ela queria e soube responder (provavelmente a única coisa que eu conhecia na cidade era justamente esta praça)! Lembro até hoje da cara da minha mãe me questionando: o que ela queria com você? E da expressão de surpresa dela quando lhe contei orgulhosa que eu tinha conseguido responder!

Nunca tinha pensando, até então, que as minhas aulas de inglês na escola tinham verdadeiramente uma função prática. Porém, foi a partir deste dia que me apaixonei pelo estudo de línguas estrangeiras. Obviamente não sabia na altura que eu me casaria com um "gringo" e que anos mais tarde viveria fora do Brasil. E também não sabia, ao escolher fazer um mestrado exatamente na área do bilinguismo, que eu teria filhas bilíngues.

Mas fato é que agora estou aqui, com duas filhas (uma de 4 anos e outra de 13 meses) que falam dois idiomas.
Confesso que é uma experiência rica, mas ao mesmo tempo, cansativa. Tenho sorte, no entanto, por ter um marido que domina perfeitamente os dois idiomas. Assim, a minha comunicação com as meninas não é vista com maus olhos por ele, pois é bem mais difícil tentar falar só no idioma nativo com os filhos, quando o pai não entende patavinas do que você está falando...

Aqui em casa escolhemos o método "one parent one language", isto é: eu falo exclusivamente em português com as meninas e ele alemão. Muitas vezes temos conversas altamente malucas em que eu falo com a Sophia em português, ela quer perguntar algo pro pai, traduz o que eu acabo de dizer pro alemão, o pai responde, ela traduz para o português para mim, com uma naturalidade desconcertante, e assim seguimos conversando. Mas como tanto o pai é fluente em português quanto eu em alemão não nos importamos de conversar desta maneira. Com isso a Sophia domina muito bem as duas línguas.

Ainda que tenha à disposição livros, DVDs, CDs e joguinhos tanto em português quanto em alemão, é esta última a língua que Sophia realmente domina, afinal moramos aqui e fora o input que ela recebe de mim, todo o resto vem em alemão: escola, família (do pai), televisão, rádio, etc. Ainda não passamos pelo desafio da alfabetização, mas meu objetivo é que ela também seja alfabetizada em português. Na verdade, ela já está escrevendo algumas palavrinhas e lê todas as letrinhas, mas não tenho incentivado mais pois acredito que ela deva ser alfabetizada primeiramente em alemão. Então a parte de leitura e escrita bilíngue vai ter que ficar para um post futuro.

Nem sempre a fluência nas duas línguas foi igual. Passamos por uma fase, quando a Sophia tinha 2 anos, em que ela só me respondia em alemão. Nunca deixei de conversar com ela em português e também não fingia não entender o que ela estava me perguntando. Nesta idade, em que o ato de falar ainda estava se consolidando, não queria exercer cobranças muito grandes, pois sei que isso poderia atrasar o desenvolvimento da fala como um todo. O que fiz foi ir para o Brasil. Lá ela pode brincar e interagir em português com naturalidade e como o meio realmente não a entendia, ela se viu forçada a se comunicar em português. O contrário também já aconteceu. Voltamos de férias prolongadas do Brasil e ela não queria mais se comunicar em alemão. No entanto, umas duas semanas depois tudo voltou ao "normal".

Um conselho, aliás, que sempre dava aos pais dos meus antigos alunos (trabalhei por alguns anos em uma escola bilíngue alemão/português) era:  não desista e não misture. Não comece a falar em outra língua porque seu filho não está respondendo "corretamente". E não tenha vergonha de falar no seu idioma em público. Traduza depois para quem estiver ouvindo a conversa, se for o caso, mas continue falando normalmente com o seu filho. Com a Sophia isso agora é tão natural, que se tento falar com ela em alemão, ela não aceita. Ela me pergunta logo porque estou falando com ela "esquisito". Então, até na escola converso com ela em português.

A escolinha, por sua vez, age com naturalidade em relação à questão bilíngue. A maioria dos casamentos em Hamburgo, atualmente, é de casamentos multi-nacionais e 60% das crianças em idade escolar, em grandes centros, têm duas ou mais línguas maternas!
No entanto, nem sempre é fácil a aceitação dos alemães. Percebi que a aceitação depende muito do nível educacional da pessoa. Pessoas instruídas aplaudem os esforços bilíngues dos estrangeiros. Já me aconteceu, porém, de estar andando na rua (e falando com uma amiga portuguesa) e um senhor idoso gritar em nossa direção: vocês estão na Alemanha, falem alemão! A questão da imigração e da integração é um assunto muito debatido por aqui, embora nem sempre abertamente. Como há muitos imigrantes há também muito preconceito e medo de que os estrangeiros tirem os empregos dos alemães. Muitas famílias, com medo de não serem aceitas, com medo do preconceito, acabam optando por abrir mão da língua materna quando as crianças entram na escola, mas o resultado tem sido, algumas vezes, catastrófico: crianças que não são capazes de se comunicar perfeitamente em nenhum idioma - o chamado "seminlingualism". 

Na minha família a questão do bilinguismo é bem aceita. Meus pais morrem de orgulho de verem a netinha falando tão bonitinho um outro idioma e meus sogros entendem que é importante, ainda que de vez em quando eu ouça algum comentário do tipo: a Sophia não está pronunciando bem os "Rs", será que ela não está sobrecarregada tendo que aprender duas línguas simultaneamente? Pra minha sorte nunca passou disso e eu sempre deixei bem claro que eu não admitiria intromissões neste quesito da educação das minhas filhas. Sempre frisei muito bem que faço questão que elas aprendam a minha língua da melhor maneira possível e que estou certa de que estou lhe dando o melhor presente para o seu futuro: o bilinguismo. 

Cansei de me deparar com pessoas que poderiam ter sido bilíngues e que não eram, por motivos diversos, e que estavam tentando recuperar o tempo perdido aprendendo português na universidade, ou através de aulas particulares. O comentário mais frequente era: ah que pena. Ai que desperdício... E é isso mesmo. Pra que desperdiçar esta oportunidade única?

Voltando ao começo do meu post: eu tive esta sensação de prazer em perceber que entendia dois idiomas com 12 anos e não era bilíngue. Minha filha com apenas 4 já vem lidando com esta questão desde que nasceu. No começo ela não sabia o que eram línguas estrangeiras, para ela existiam "o jeito da mamãe falar e o jeito do papai". Durante muito tempo ela generalizou e achava que mulheres falavam português e homens alemão. Sempre. Sem exceções. Nesta fase o meu pai suou um pouco pois Sophia se recusava a falar com ele em português :-) Agora, ela já sabe que pessoas falam línguas diferentes, já estuda inglês na escolinha e fala com todo o orgulho do mundo que sabe se comunicar em dois idiomas. Então acho que estamos no caminho certo. Helena fala pouco, mas o que fala já sai em duas línguas também.

Torço para que algum dia minhas filhas também possam passar este presente tão rico adiante...

Este post faz parte de uma blogagem coletiva do grupo Mães Internacionais. Se quiser saber mais sobre o bilinguismo em outros países é só clicar!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Selinhos!

Há algumas semanas que recebi os dois primeiros selinhos aqui do blog e não tinha tido tempo ainda de agradecer pelo carinho...
Desculpem meninas!

Mas aqui vai um obrigada todo especial para a Celi:


 E para a Ju:



 Muito obrigada mesmo! Amei!

E gostaria de indicar os 5 seguintes blogs, que adoro, acompanho e comento sempre que posso:

1- Camilla, do Morando no Freezer
2-  Ingrid, do Na Alemanha
3- Bruna, do Brunaalemanha
4- Simone, do Flor de Sofia
5- Lu, do Aventuras de uma família na Europa

Beijo!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Queimando a cara da vovó

Quando estávamos no Brasil, Sophia, após alguns dias de integração, começou a não querer mais falar em alemão. No começo ainda me perguntava uma ou outra coisa tipo: como é que fala "verrückt" mamãe? É maluco, Sophia. E assim a coisa ia andando. Ainda brincava consigo mesma em alemão, cantava bastante no idioma de Goethe e tudo mais. Mas acho que passados uns 6 dias já estava só no português mesmo. Tanto que, à noite, quando falava com o pai (nas pouquíssimas vezes que o fez, já que desatava a chorar de saudade cada vez que ouvia a voz do papaizinho querido), já estava me perguntando exatamente  o contrário: Wie sagt man "cansada", mamãe? É "müde" Sophia.

Ainda assim, eu usava de vez em quando esta língua para dar bronca (acho que alemão é um idioma ótimo para isso! Uma língua forte, basta umas 3 palavras, em tom bem sério para a criança notar que tem algo errado, já notaram? Olhem só: Sophia, desliga a televisão e vem almocar, meu amor, está na hora! Versus: Sophia: Fernsehen aus. Sofort! Zeit zum Essen!). Ela estranhou um pouco, já que nunca falo em alemão com ela por aqui (não, nem para dar bronca, rsrsrsrs). E toda vez meio que contestava: mamãe, por que você está falando em alemão?

Enfim, acho que vovó não prestou atenção nisso.

Um dia, estavam as duas no parque. Mas precisamente na ATI (Academia da Terceira Idade, ou Melhor Idade, como se tem dito atual- e politicamente correto). Tem isso em outros lugares também, aliás?
Enfim, nestas ATIs não só aqueles na melhor idade fazem ginástica de verdade. Crianças, jovens e adultos também. Usam os diversos aparelhos e, estando-se em Maringá, no verão e com o sol a pino, suam. E quando suam.... sim, vêm os aromas.
Aí, minha mãe, que também fala alemão, disse pra Sophia:

Sophia, lass uns gehen, der Mann stinkt.
E é claro que ela responde em alto e bom som: por que você falou que o homem está fedido, vovó?

Minha mãe, fingindo que não ouviu nada...

terça-feira, 20 de março de 2012

Venham ver que mosca grande!!

Sophia no Brasil estava em uma fase de descobrir o mundo. 
Achei  bem legal poder contar pra ela tudo que eu gosto do e no Brasil. Além de contar coisas da minha infância, poder mostrar onde era a casa dos meus avós (ainda que eu fique toda emocionada ao ver a casinha deles, mas não os ver), poder mostrar plantinhas que eu costumava brincar, ou coisas que eu gostava de fazer, quando eu era pequena. Eu me lembro que adorava quando meus pais contavam de "antigamente" e noto que ela já gosta também. Aliás, ela me enche sempre de perguntas, quer saber de tudo.

Enfim. Certo dia estávamos saíndo do prédio para passear e a Sophia, como sempre, foi correndo na frente. Queria ser a primeira a chegar lá embaixo. Naquele dia, porém, ela voltou correndo na minha direção e me disse toda eufórica: mamãe, mamãe, vem ver uma mosca grande! Corre!
Uma mosca grande filha?
Sim, mamãe, enooooooorme, vem ver, vem ver, vem ver!
Lá vou eu correndo escada abaixo quando me deparo com uma......
barata, que por sorte já estava morta.

Foto daqui: http://www.musicainfantil.eliotu.com/a_barata.htm

Claro que comecei a rir, mas, depois parei para pensar que realmente não tinha mesmo de onde ela conhecer uma de verdade. Afinal, não tem baratas por aqui! Expliquei pra ela a diferença entre moscas e baratas e ela queria por que queria ver uma barata viva.

Aí vocês juntam uma filha criativa com uma avó que faz todas as vontades da neta (e que superou o seu medo infinito por baratas) e o resultado é: as duas saíram à noite, de lanterna na mão à procura de baratas pela vizinhança.
Elas andaram, andaram, andaram, mas não acharam. Mas a diversão foi muita, pois ainda que eu repita mil vezes que em Hamburgo não tem baratas, ela tem me chamado frequentemente para pegar a nossa lanterna e procurar uma barata por aí...

quinta-feira, 15 de março de 2012

A filha que mugiu e a filha que chorou

Voltei!

Estava morrendo de saudades do blog, de escrever, de ler os comentários, de visitar os blogs queridos, mas a temporada no Brasil falou mais alto ;-) Afinal tinha que aproveitar minha mãe, as meninas tinham que aproveitar a avó e já repararam que o tempo no Brasil voa? Pois é.
Depois vou ainda falar retrospectivamnte sobre um outro passeio, sobre a festinha de 1 ano da Helena, sobre a volta quase dramática para casa, mas por enquanto vou contar só duas coisas pequenininhas, que é para eu não perder a coragem de (re-)começar a escrever.

Primeiro: Sophia que anda dando trabalho para ir para a escolinha... Depois de 6 meses de férias, de mãe e vó todo dia, o dia inteiro, de muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito mimo da avó, de não ter que acordar cedo ela está fazendo cara feia para ir para a escolinha. Gruda no pescoço da gente igual carrapato e não tem quem a tire de lá. Imaginei que seria legal para ela rever as amiguinhas (e realmente foi, ela ficou super feliz e as amigas a recepcionaram super bem), mas ela já perdeu os dois passeios que foram realizados esta semana (a escolinha sempre faz passeios extras nos períodos de férias e, aqui em Hamburgo, as crianças já estão de férias da Páscoa) pois ela se recusa terminantemente a ir. Hoje mesmo foi uma aflição. Nem com promessas de balinha e o desenho preferido ao chegar em casa ela se deixou convencer a ir. Ela chorou, chorou e ficou.

Segundo: Helena teve hoje o seu primeiro dia de adaptação à escolinha! Hoje foi um dia bem light. Só entramos na salinha do maternal e, enquanto ela ficava brincando com os brinquedinhos, eu tinha um longo questionário para responder, em que eu tinha que falar sobre os seus hábitos alimentares, sobre o sono, como consolar a Helena, como alegrá-la, quais palavrinhas ela já fala, entre outras coisas da sua rotininha.
E eu que achei que a Helena fosse chorar me surpreendi. Mesmo tendo tomado vacina ontem e mesmo tendo ficado uns 5 segundos no colo da educadora, ela se comportou super bem!

E o mais legal foi ver uma generalização linda que ela está fazendo.
Um belo dia ensinei pra ela o som da vaquinha: mú. Aí, depois de ela já ter aprendido é que me lembrei de mostrar a figura de uma vaquinha num livrinho e ela achou o máximo, ela via a vaquinha no livrinho e mugia toda fofa. Ah, e o som da vaquinha pra ela é Bú. Só que eu percebi recentemente que ela faz Bú sempre que vê um livro, não sempre que vê uma vaquinha (o que convenhamos não é tão frequente assim).
Só sei que hoje, na escolinha, a professora se mostrou encantada quando a Helena viu um livro e foi correndo até ele dizendo Bú, Bú:

Nossa, ela já fala livro (que em alemão é Buch)! Eu só concordei e disse, não é esperta?

Eu que não ia confessar que ela estava mugindo!