Minha mãe sempre falava que amor de mãe não se divide, ele se multiplica. E aqui estou eu, escrevendo sobre este amor incondicional que sinto por minhas filhas.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Maternidade Real
A Carol Passuelo convidou em seu blog para que as mães blogueiras falassem sobre a experiência única de ser mãe, e como a realidade é diferente da teoria. Quando li este convite não pude deixar de começar a pensar no que significava pra mim a maternidade real. E o textinho abaixo é uma tentativa de por em palavras os pensamentos que surgiram na minha cabeça :-)
Ser mãe começa muito antes de um bebê nascer. Ser mãe começa com ser filha.
Pois ser filha significa observar todos os passos de sua mãe. Cada gesto, cada sorriso, cada bronca, cada decisão - tudo isto contribui enormemente para construir a nossa visão do que é ser mãe e, de quebra, o que é ser uma boa mãe. Afinal, uma boa mãe é o que todas queremos ser, a melhor mãe do mundo, a melhor mãe que podemos ser.
E ah! Como isto é difícil. Pois ser mãe significa também termos que equilibrar o ideal com o praticável. O sonho com a realidade. Significa entrar em acordo com o pai da criança, com a família, com a escolinha, com a própria criança e com o mundo em que vivemos, tudo isto para educarmos os nossos filhos da melhor maneira possível.
E este é o maior desafio. Afinal de contas o que é o melhor para uma mãe, é apenas razoável para uma outra. Parece que cada mãe tem algum assunto relacionado à educação do seu filho, que considera primordial.
Vejo minha irmã que se informa sobre cada ingrediente de qualquer alimento que entra na boca do seu filho, pois alimentação pra ela é assunto sério; vejo uma grande amiga que leva sua filha semanalmente ao médico, pois ela pesquisa sempre todos os sintomas que sua filha apresenta e teme que possa ser algo mais grave; vejo outra amiga/irmã que estimula o lado criativo e artístico de sua filha; vejo minha cunhada que considera disciplina uma qualidade fundamental para seu filho; vejo a mim mesma fazendo questão que minhas filhas falem perfeitamente o português e não somente alemão e, acima de tudo, vejo todas nós tentando equilibrar na balança todos estes ideais.
Só que a educação ideal insiste em fugir de mim...
Preferia que minha filha mais velha não assistisse televisão. Preferia que ela sempre almoçasse, jantasse, lanchasse tudo aquilo que eu coloco em seu prato sem reclamar. Gostaria que ela bebesse mais água (ela não gosta de líquidos, aparentemente... só toma bem o leite no café da manhã, mas nem adianta oferecer leite durante o resto do dia!). Ficaria feliz da vida se ela gostasse de escovar os dentes e de lavar o cabelo com o mesmo entusiasmo com que ela brinca com suas bonecas. Seria maravilhoso se ela não sentisse uma pitadinha de ciúmes da irmã.
Também adoraria que a Helena, mesmo com suas apenas 7 semanas de vida, dormisse a noite toda. Ou que pegasse a chupeta. Ou que não fizesse um monte de cocô justamente quando a fralda já está meio cheia de xixi, vazando assim cocô pelas costas acima. Ou que ela amasse ficar no colo do pai enquanto eu tomo banho sossegada.
Mas fato é que Sophia assiste sim seus desenhos à noite, enquanto eu preparo a janta e assim não fico com uma filha emburrada do meu lado que depois se recusa terminantemente a comer. Ela já dormiu sem escovar os dentes. O cabelo dela eu só lavo quando EU estou de bom humor, para encar numa boa os protestos. Já a Helena dorme ao meu lado na cama compartilhada para que durma o máximo possível e, à noite, se não fez cocô, nem troco a fralda para não acordá-la.
Ou seja, decidi que não seria xiita.
Eu cresci assistindo Xuxa, Balão Mágico, Angélica e outras figuras do gênero, mas ainda assim me tornei uma pessoa legal (juro!), então acho que não preciso exagerar a dose e não deixar a minha filha assistir tv em momento algum (como é meio que "ditado" pela sociedade alemã).
Procuro oferecer a melhor alimentação possível aqui em casa. Compro frutas e legumes orgânicos na feira e cozinho com frequência, pois não gosto muito de comida pronta, mas não deixo de comprar sacos de legumes congelados para me facilitar a vida (dizem que legumes congelados são até mais frescos que os outros...). Evito dar açúcar para minha filha, mas não acho que ele seja um veneno.
Tento seguir radicalmente a regra de um pai/uma língua, para que o bilinguismo seja uma coisa natural, mas de vez em quando não tem jeito e saem algumas palavrinhas em alemão.
Me esforço para não ceder às birras da minha filha, mas neste exato momento ela está lá dormindo na minha cama, pois não quis dormir na sua e assim eu vou vivendo.
Não esqueço nunca dos meus objetivos, mas tento equilibrá-los com o bom senso e a comodidade (sim, a comodidade, afinal ninguém tem tempo sobrando por aí). Tudo isto temperado com a prioridade que parece ter sido a estrela-guia da educação que recebi da minha mãe - e que também é parte importantíssima da educação que dou para minhas duas filhas: fazer com que elas tenham a certeza absoluta de que ELAS e a felicidade DELAS são a prioridade na minha vida.
E este é o único ideal que eu faço questão que seja também realidade.
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11 comentários:
Oi, Karen!
Acabo de conhecer seu blog por conta do link da Carol da blogagem coletiva.
Adorei o seu texto, adorei a forma como escreve e (lógico) me identifiquei totalmente.
Lá em casa tenho 2 princesas também. Júlia e Joana. 6 anos e 6 meses (domingo). E não acho errado dizer que hoje a base da minha vida... são elas.
Vou passear mais, tá?!
Beijos
Fabiana
http://2-ao-quadrado.blogspot.com
Equilibrio é fundamental né?
Nem xiita demais, nem liberal demais.
A gente acaba descobrindo qual a formula que funciona pra gente.
Conheci seu blog hoje, voltarei sempre.
BJos
Oi Karen!
Cheguei aqui pela blogagem coletiva... Posso garantir que nós acabamos fazendo tudo diferente depois do primeiro filho. Com os filhos dos outros é uma história; é fácil falar que com a gente vai ser diferente (enquanto não temos filhos)... Depois que os filhos chegam, nossa vida dá uma guinada. Tudo tem um sentido diferente, não é? Dúvidas mil! Mas sempre sabemos o que é melhor pra nós e pra quem mais amamos, nossos filhos; e essa é uma das dádivas de ser mãe. Beijos com carinho; Cleide e Heloísa.
http://www.closetdahelo.blogspot.com
Não sei se já comentei com você sobre as linhas iniciais do poema sentimento do mundo, do Drummond. Nossa, é meu mote do momento aqui em casa:
"Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo"
É bem assim que eu me sinto boa parte do tempo, tendo duas mãos e o sentimento de um mundo de coisas a fazer, a tentar gerenciar, remediar ou pelo menos lembrar.
E descobri outros trechos do mesmo poema que também são
bem pertinentes:
"(...)minhas lembranças escorrem
(...)
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis. (...)"
Acho há muitos momentos assim...
Mas também há os momentos que valem uma vida. Ontem, depois da festinha da Glorinha, ela, no carro, comentou: "Nossa, mãe, eu nunca imaginei uma festa tão linda!"
A gente se cobra muito como mãe, mas tem que saber parar e ver os momentos de realização.
Poucos e boooons!
Filhota querida
Ser mãe é isso mesmo,certezas e dúvidas, acertos e enganos ( erros não ) Alegrias e Felicidades !!
E para mim.... saudades..... muitas saudades!
Te amo.
bjs.
Obrigada por sua visitinha lá no meu blog!
Tá rolando sorteio por lá... um CD novo do Pato Fu, que gravou músicas ótimas com instrumentos de brinquedo. Ótimo para pais e filhos! Se quiser participar, boa sorte!
www.roteirobaby.com.br
Karen,
esse tem sido meu exercício diário: "equilibrar o ideal com o praticável. O sonho com a realidade".
Adorei o seu post!
Um beijo,
Marusia
“sou uma pessoa legal (juro!!!)”. Adorei!!!
Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com
Adorei seu post sobre a maternidade real.. e aho que é bem por ai mesmo... pelo menos foi mais ou menos parecido por aqui!! E seguimos quase que pela mesma linha!!!
Beijos
Karin
www.mamaeecia.com.br
Karen, nossa, parecia que eu estava me vendo...seu texto me ajudou muito hoje, obrigada!! um beijão, Juliana
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